Após anos sendo uma figura pública, Lana Del Rey passa a se perguntar se esse é o lugar onde deveria estar, tão exposta e com tanta atenção. A verdade é que a Fama é um monstro, como diria Lady Gaga e como experimentou Britney Spears. Alguns artistas precisam se manter com o psicológico estável para suportar tamanha pressão, e então surgiu “Chemtrails over the Country Club”, o sétimo álbum da cantora.
Nota: 7,6/10
Lançado em 19 de março de 2021 através da Polydor Records e Interscope Records, “Chemtrails over the Country Club” é fortemente influenciado pelo estilo clássico de música, tendo uma presença forte de piano, órgão, violão e outros instrumentos físicos, deixando um pouco de lado o estilo contemporâneo e abraçando o acústico.
A produção é assinada por ele mesmo, Jack Antonoff, que também esteve presente em seu sexto álbum de estúdio, além de ser famoso por trabalhar com Taylor Swift, Carly Rae Jepsen e Lorde, logo o resultado final é bastante levado por seu estilo Soft Rock Alternativo. Além do Jack envolvido na produção, temos também a própria Lana (que sempre supervisiona o trabalho com suas canções) e Rick Nowels.
Boa parte do disco é aquilo que nós já ouvimos antes no “Lust For Life” e “Norman Fucking Rockwell”. Os vocais são semelhantes, logo o diferencial fica com os instrumentais mais ousados. Lana fala, durante as letras, sobre não ceder à pressão de mudar seu estilo, mas em algumas faixas ela até tenta dar uma diferenciada, como na canção “Dance Till We Die”.
As composições de Lana estão mais diretas e específicas, ainda com o uso de metáforas, mas há uma descrição maior da narrativa que ela imagina. “White Dress” abre o disco em grande estilo com um sentimento de nostalgia misturado com a dúvida de como seria sua vida se ela não tivesse se entregado a música. O vestido branco remete aos seus dias como garçonete.
Em seguida temos a faixa título que entra em contraste com a anterior, imaginando cenários calmos, uma realidade que Lana adoraria viver, ou ter vivido. A cantora questiona seu lado religioso e suas reais vontades de vida. É uma música que reflete seu estado emocionado junto de sua trajetória de vida.
Na faixa “Tulsa Jesus Freak” a cantora experimenta um pouco de Trip-Hop e modula seus vocais para narrar uma história melancólica sobre uma relação cheia de vícios, onde um é grudado ao outro e ninguém está disposto a mudar de vida para “salvar a si mesmo” por medo de magoar o outro. Aqui novamente Lana questiona seu lado religioso.
Em “Let Me Love You Like A Woman” o álbum passa a ser cada vez mais agridoce. Lana sugere um relacionamento onde ela é podada e não pode se expressar da forma que gostaria, mas ainda assim não desiste de seu parceiro, pois quer chegar em um equilíbrio. Essa música pode sugerir a relação da cantora com seus fãs.
“Wild At Heart” vem em seguida e mostra os devaneios da cantora, em meio ao leve Country. Lana reflete sobre sua carreira e conclui que faria tudo de novo se pudesse, pois ama o que faz, ainda que sua trajetória tenha sido dolorida em alguns momentos. Lana canta nos versos: “Se eles me amam, eles vão me amar porque eu sou selvagem.”
“Dark But Just a Game” mostra os devaneios de Lana e Jack em relação ao perigo da fama e como diversos artistas já perderam suas vidas por conta disso. A artista diz encarar tudo isso como um grande jogo e afirma que não irá mudar seu estilo por conta da pressão que sofre.
Lana Del Rey apresenta outro ponto de vista em “Not All Who Wander Are Lost”. A cantora faz uma menção ao livro “Senhor Dos Anéis” na frase “Nem todos que vagam estão perdidos”, é assim que ela se sente, como uma aventureira que aproveita das suas conquistas para desfrutar o melhor da vida.
“Yosemite” tem uma melodia incrível e sua letra questiona a durabilidade do amor. Lana tem plena consciência de que a maioria dos relacionamentos não irão durar “para sempre”, mas ela ainda assim quer tentar e viver um grande amor que vença o tempo e se adapte com o decorrer da vida.
“Braking Up Slowly” é em colaboração com a cantora Nikki Lane e é a faixa mais interessante de todo o disco. Sua letra descreve a dor de terminar um relacionamento aos poucos, mas afirma que após esse fim, não haverá outra chance. É uma música melancólica sobre se dar o amor próprio em tempos difíceis.
A faixa “Dance Till We Die” é uma homenagem aos músicos Joan Baez, Joni Mitchell, Stevie Nicks e Courtney Love. Lana cita seus ídolos na letra e reflete uma última vez sobre o trabalho de um artista, que é entreter seus fãs e passar suas mensagens ao decorrer da vida, até o dia de sua morte. Ao final a cantora aceita sua trajetória e abraça o seu passado.
O álbum é encerrado com o cover “For Free” originalmente cantada por Joni Mitchell. Lana convida Zella Day e Weyes Blood para participarem da canção. A letra em si fala sobre como a sociedade só respeita artistas famosos e não da o devido reconhecimento para quem está começando.
O disco é realmente bem amarrado, sonora e liricamente falando, ainda mais por trazer essa reflexão sobre como a exposição pode afetar a saúde mental de qualquer um. Lana relembra os momentos que sofreu cyber bullying por conta de seu corpo e como foi doloroso para ela. É um processo de cura que a artista decidiu compartilhar com os seus fãs a fim de conscientizá-los a não desumanizar pessoas públicas.
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